[UXZero]Heurística de Flexibilidade e eficiência
Todos gostam de atalhos, vamos projetá-los, então, para tornar o produto/serviço mais adequado ao uso.
Desde o surgimento das interfaces gráficas para dispositivos eletrônicos, os projetistas têm implantado algumas “facilidades” para seu uso em forma de atalho. Vide o famoso CTRL+Z — quem não gostaria de ter um control Z em alguns momentos na vida 🤣?
A heurística de flexibilidade remete ao modelo mental comum do ser humano de adaptação, buscando formas mais familiares de utilização ou de consumo.
Não é somente no meio digital que os atalhos ou a busca por flexibilidade está presente. Até porque o mundo real possui, muitas vezes, várias formas de fazer a mesma coisa — existem 1001 maneiras de preparar Neston kkkk
Esta busca por mapear formas mais familiares, flexíveis e diferentes de usar um produto ou serviço faz vínculo com o que conhecemos e é a essência da Ergonomia. Uma coisa ergonômica é algo que facilita ou se adapta ao trabalho do ser. Em outras palavras, é a adaptação do troço à pessoa, não o contrário.
A eficiência está justamente em conseguir realizar uma tarefa, seja no meio físico ou digital. Então, se para acessar um site ou recurso no sistema é possível configurar como atalho e favoritos, combinação de teclas de atalho ou via menu/sub-menus do sistema, o importante é que o usuário consiga realizar a tarefa.
Algumas pessoas possuem uma facilidade com atalhos, outras se sentem mais seguras em percorrer uma lista de menus. Já para outros, se o sisema simplesmente realizar a tarefa, não importa quem e nem onde se dá o comando. Vide agora o que já temos de facilidade em acessibilidade e interação com interfaces conversacionais.
Os atalhos também podem ser acionados por IA, algoritmo de predição ou por agendamento. Hoje é bem comum você se deparar com um aviso no Uber já com a sua corrida pré-definida de volta para casa, caso você já tenha feito esse mesmo trajeto indo e voltando. Isso é um atalho e flexibilidade de uso, possibilitando você acionar uma corrida sem ter que passar pelos passos anteriores.
As vezes o que o usuário quer é apenas um número ou saber se algo está bom ou ruim, de acordo com parâmetros pré-definidos. Isso é muito comum em sistemas ERP (sistemas de gestão empresarial), onde o modelo mental de desenvolvimento levava a pessoa operadora a ter que baixar relatórios para comparar Entradas vs Saídas e responder a pergunta “vai faltar dinheiro?”. E se o sistema simplesmente respondesse essa pergunta, já que essa tarefa de comparar os dados de fluxo de caixa é algo tão maçante, quanto repetitivo e simples? 😉
Por fim, mas não menos importante — com uma importância enorme, aliás — está a adaptação ou flexibilidade pensando em acessibilidade.
Em uma viagem de ônibus podemos elencar algumas flexibilidades, sendo adaptações para os diferentes usos dos passageiros e tripulantes.
1 — A porta e escada de entrada que podem ser rebaixados a ponto de facilitar tanto o uso por idosos quanto para cadeirantes.
2 — O botão de acionamento de parada em alturas diferentes que facilita para quem não pode ou não quer puxar a cordinha. Aliás, aqui temos alguns pontos importantes de ergonomia a serem pensados, veja essa matéria sobre problemas com o botão de pânico.
3 — Também pode-se contar a flexibilidade de pagamento que alguns possuem, podendo aceitar cartão recarregável, PIX (no caso do Brasil) e dinheiro (desincentivado em algumas cidades).
Bom… pensar em flexibilidade de uso é um trabalho de empatia, descobrindo os hábitos e modelos de uso para entregar o que mais faz sentido para a pessoa que usará o recurso que você está projetando.
Pensando em sistemas com interfaces amigáveis em suas UIs, até recursos de programação como terminais de comando — programadores adoram atalhos também kkkkkk — flexibilizar o uso dos recursos, adaptando ou possibilitando que o usuário realize a mesma operação de formas diferentes pode ser uma entrega de valor interessante.
Lembre-se sempre de que dar poderes/posibilidades aos usuários também tras responsabilidades de manter as features e garantir que o resultado seja o mesmo, deixando claro isso para o usuário. Caso contrário será visto como uma falha ou será descontinuado o uso pela incerteza do resultado.