Por que eu preciso de um MENU?

Jefferson Alex Silva
4 min readJul 15, 2019

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A arquitetura de informação de um e-commerce deveria estar explícito no menu e vice-versa?

Desde o início dos tempos os sistemas e sites foram projetados para acesso via controle, menu ou estrutura de navegação que agrupe o conteúdo — que é o alvo do usuário.

Pensando em Job To Be Done, quando um usuário acessa um site como a americanas.com, provavelmente ele quer comprar um item específico (ou um conjunto deles). Então, para alcançar esse objetivo ele navega pelos menus, categorias e recursos auxiliares (banners promocionais e sessões de oferta), aplicando filtros até encontrar o tipo de item que estava afim de comprar.

Desde quando a web se tornou presente para usuários domésticos, muita coisa foi experimentada e um modelo mental foi estabelecido para esses usuários conseguirem navegar pelos hiperlinks: navegação em arquitetura baseada em menus. Esse formato é o conhecido por todos, desde aqueles que estão fazendo cursinhos de informática, pelos usuários de sistemas para escritórios até experts em desenvolvimento de sistemas.

Porém, voltando para o raciocínio de Job to be Done, o usuário não quer “encontrar as categorias e os itens de eletrodomésticos”… ele quer, simplesmente, comprar uma sanduicheira boa e barata. Por onde ele tem que navegar para chegar até ai, é o menos importante.

Existem opções diferentes de modelos mentais de navegação, saindo um pouco desse formato de percorrer a arquitetura de informação.

Busca

Quando penso em busca não penso em uma pesquisa por palavras-chave, mas isso pode ser um bom começo. Poder pesquisar por termos também é um modelo mental aplicado para usuários comuns conseguirem utilizar as caixas de pesquisa nos sites… mas isso é assunto para outra discussão.

A busca, quando bem implementada — com a ajuda de um pouco de machine learning — pode substituir a necessidade de menus. Imagine se o Google tivesse menus na sua página de busca. Já pensou em navegar pelas milhares de categorias de pesquisa existentes? E o trabalho de engenharia para manter atualizado o front-end de forma que não ficasse poluído.

Enfim… a questão é que a busca pode ser muito mais aproveitada do que simplesmente a implementação de pesquisa por termos-chave. Embora isso traga outros desafios muito mais complexos, como fazer com que o usuário saiba interagir com esse tipo de busca. Esse é o mesmo desafio de fazer os usuários interagirem com um bot.

Spotlight no Mac OS

Já houveram várias tentativas te inclusão desse modelo mental. Sempre esbarram no aprendizado anterior do usuário e o modelo mental constituído. É o caso do Spotlight que foi embutido no Mac OS e era uma aposta de novo formato de interação da plataforma, onde os usuários não precisariam de menus. Não foi muito bem sucedido, pois milhares de reclamações pedindo a volta dos menus.

Interface para usar o Cortana no Windows 10

A Microsoft também tentou fazer seu experimento nessa área e também não foi muito agradável.

Na verdade, essa funcionalidade já existe nas distribuições Ubuntu há um bom tempo. Os usuários conseguem executar comandos, abrir aplicativos e fazer busca por documentos a partir de uma barra de busca no meio da tela. Porém, é um contexto de usuário diferente, sendo que o usuário de distribuições baseadas em *Linux já são adeptos ao uso de comandos textuais.

Colocando o Dado como fonte de navegação

Outra forma que é possível criar uma navegação é através do hiperlink dos dados apresentados. Um exemplo disso é quando temos um dashboard, onde estão dispostas as informações categorizadas e quantitativas para análise.

Imagine que você está visualizando um dashboard de vendas, extraído de seu e-commerce. Não preciso te dar um menu de cadastro de produtos, uma vez que existem gráficos que poderiam facilmente ativar uma opção de adicionar novo produto ou visualizar a listagem dos cadastros. Assim também para clientes, categorias e regiões.

A questão da navegação pelos dados inclui outra ideia que é a de simplificar os cadastros. Geralmente estamos tentando fazer cadastros mais complexos para que o usuário dê os dados corretos, parametrizados para nos ajudar a cruzar e extrair essas informações. É um modelo mental da área de desenvolvimento que está, aos poucos, mudando com o uso cada vez maior do machine learning para cruzar informações em bancos não relacionais.

Conclusão

Esse é um ensaio sobre como seria uma estratégia diferente de modelo mental para navegação, usando o que a web já nos provê há muito tempo: hiperlinks.

Não entrei nem no mérito de hiperlinks em conteúdo multimídia, mas na evolução das tecnologias e componentes de interface viemos criando muita coisa com que interagir e acabamos pensando no acesso ao dado da forma como nos foi apresentado há 10 anos.

Sempre fico pensando em como o usuário agiria e em como diminuir o esforço cognitivo dele, ao mesmo tempo que preciso dar elementos de aprendizado. Isso não significa que preciso “chumbar” um sitemap na cabeça dele e fazer ele entender a minha arquitetura de informação, mas que ele deveria entender a categorização da forma que ele naturalmente aprendeu: sanduicheira é um eletrodoméstico, não uma sub-categoria de Eletrônicos>Cozinha>Portáteis.

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Jefferson Alex Silva
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Written by Jefferson Alex Silva

Product Designer data-driven, Lead and always student.

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