[UXZero] Heurística de Estética Minimalista
É muito botão, é muito menu, é muito tudo e eu tenho que salvar no favoritos para poder me achar nesse site.
Esta fala foi retirada de uma pesquisa e já apareceu em diversas outras quando realizamos um teste de usabilidade, pesquisa de satisfação ou algo do tipo em sistemas de gestão. Isso porque é muito mais “fácil” incluir um botão do lado do outro do que encontrar uma melhor arquitetura de informação ou fluxo de uso que faça sentido para a feature.
Minimalismo é quase similar a “simplificação”. Não confundir minimalismo em design com “flat design”, pois são duas temáticas.
Flat design é sobre estética, minimalismo é sobre foco no essencial e elementos de suporte ao fluxo do usuário.
No dia a dia do designer de interface (ou do UX/UI, enfim) é muito comum a demanda de “precisa encaixar um botão ali do lado”. Sendo que, muitas vezes, nem precisa de botão e é só um modelo mental enraizado no que se produzia de software desde a década de 80.
Não estou dizendo aqui que os menus são inúteis (faço uma reflexão sobre os menus neste post ), ou que você diga que não vai colocar o botão da demanda que chegou para você. Porém, é importante verificar se realmente fará sentido para a arquitetura e fluxo do usuário ou se poderia ser simplificado por alguma automação ou local da feature na tela.
Um exemplo prático sobre o que a heurística trata.
Imagine o cenário:
Um sistema de gestão de fluxo de caixa precisa realizar operações de cadastro de contas, listagem e operação de edição/exclusão (famoso CRUD, Create, Read, Update and Delete).
Esta primeira opção seria muito comum de encontrar em sistemas de gestão, visto que cada opção do menu é uma funcionalidade do CRUD que pode ser desenvolvido individualmente. Assim, a pessoa usuária precisa acessar a página de Contas a Receber, depois realizar uma ação específica de acordo com o fluxo do menu.
Nesta opção, a pessoa usuária já encontra os títulos registrados que mais precisam da sua atenção e consegue realizar ações diretamente listagem. Os eventos aqui seriam:
- Edição: Clique no nome da conta;
- Exclusão: botão já posicionado ao final da linha;
- Baixa: sinalizado por um botão/ícone ao final da linha;
- Buscar/Pesquisar: a listagem já é o padrão, possibilitando uma busca por caixa suspensa próximo a listagem.
A análise aqui a ser feita é que a ideia de minimalismo pode diminuir a quantidade de telas a serem projetadas, cliques do usuário e esforço cognitivo. Aqui são aplicadas e relembradas outras heurísticas, pois minimalismo requer a atenção redobrada para não faltar sinalização, aprendizado e outros princípios.
Existem N formas de criar esta mesma opção de tela/interação. Inclusive, quando temos a necessidade de colocar muitas opções de ação em cada linha é possível lançar mão de outras ideias como um menu suspenso para não ter que “encaixar” vários ícones/botões na linha.
Estas opções são meramente ilustrativas, mas foram criadas para exemplificar que minimalismo exige uma boa dose de criatividade e arquitetura de informação.
Outra confusão que acontece é quando os stakeholders pensam que minimalismo é retirar tudo e deixar tudo “clean”. Lembre-se de que o designer de interface precisa construir coisas úteis, de acordo com as necessidades da pessoa usuária e de uma forma que se torne familiar para a manipulação do produto.
As vezes você não vai conseguir retirar as coisas da tela, mas uma reorganização pode fazer com que o minimalismo seja aplicado. Isso pode ter efeito imediato quando retiramos, por exemplo, os arabescos e cores extras — que as vezes nem estão na identidade visual :D